Skip to content
Educação Infantil e Ensino Fundamental
facebook
youtube
instagram
Escola Projeto
Telefones (51) 3331 7384 (51) 3333 4154 WhatsApp 51 99994 4169
E-mail infantil.escolaprojeto@gmail.com fundamental.escolaprojeto@gmail.com
  • A Escola
    • História
    • Equipe
    • No que acreditamos
    • Fotos turmas
    • NAMP
    • Depoimentos
    • Galeria Ex-alunos(as)
    • Hino
    • Localização
  • Inscrições 2026
    • Matrículas 2025
  • Acesso Famílias
    • Agenda
    • Bilhetes
      • Bilhetes Educação Infantil
      • Bilhetes Ensino Fundamental
    • Organização Curricular
      • OC -Turmas Educação Infantil
      • OC – Turmas Ensino Fundamental
    • Dúvidas Frequentes
  • Canais Projeto
    • Blog
    • TV
    • Publicações
    • Conversa para Maiores
    • Podprojeto
  • Atividades Especiais
    • Acontece na Projeto
      • Acontece na Projeto 2025
        • Inscrições 2026
      • Acontece na Projeto 2024
      • Acontece na Projeto 2023
      • Acontece na Projeto 2022
    • Projeto Indica
    • Atividades Extracurriculares 2025
    • Artistas Convidados 2025
    • Artistas Estudados Anos Anteriores
  • Cursos
  • Músicas
  • Fale Conosco
    • Trabalhe Conosco

A poesia para crianças – Parte 1 (*)

Home > Blog > A poesia para crianças – Parte 1 (*)

A poesia para crianças – Parte 1 (*)

Postado em 13 de agosto de 202013 de agosto de 2020 por Escola Projeto
0

Dilan Camargo (**)

Há falta de poesia num mundo sem coração. Rasgamos músculos e estouramos pulmões em academias com exercícios de transpiração para moldar o corpo e nos refletir nos espelhos, mas negligenciamos nos exercícios de inspiração para aperfeiçoar a nossa sensibilidade e nos refletirmos no espelho das nossas almas. Somente da inspiração profunda, estimulada pela poesia, pode vir a energia capaz de nos fazer brilhar nos dias escuros, de nos fazer transcender a um cotidiano monótono em que às vezes a vida se transforma. Somente dela pode vir o encantamento de reinventar a vida e dar significado a cada dia. Uma visão poética da existência é tão necessária para o nosso espírito quanto o alimento é necessário ao corpo. Um “novo dia” é só o que às vezes precisamos, e a sua invocação é a mais fecunda metáfora poética para justificar e celebrar a nossa existência cotidiana.

A crise da palavra literária, já quase extinta, atinge com mais danos a poesia. Ela está sendo substituída cotidianamente por outras linguagens instantâneas, funcionais, interjetivas, com o uso cada vez mais limitado dos vocábulos, copiados e repetidos dos meios audiovisuais e da publicidade. A poesia, essa forma de escrita com arte, é nossa última chance de transcender o dia a dia e de nos aproximarmos da aspiração de plenitude que anima cada humano a viver no dia seguinte.

Se nós adultos já desistimos de uma visão poética da existência, não temos o direito de negá-la às crianças. Além de outros, é um dever estético das famílias e da escola apresentar o mundo poético das palavras para as crianças. Só “a beleza salvará o mundo”, é uma frase célebre de Dostoiévski. Trata-se daquela beleza criada pelas mais variadas formas de arte. E, a primeira delas, é a beleza da palavra poética. Palavra: o som e o signo da imperfeição humana na sua expressão mais perfeita possível. Sem poesia, a linguagem perde a sua significação humana.

Gaston Bachelard, em seu extraordinário livro “A Poética do Devaneio”, refere-se à psicologia do maravilhamento ao afirmar que a poesia é o “ápice de toda alegria estética”.

“Ao maravilhamento acrescenta-se, em poesia, a alegria de falar. A poesia é um dos destinos da palavra. (…) de uma palavra que não se limita a exprimir ideias ou sensações, mas que tenta ter um futuro. Dir-se-ia que a imagem poética, em sua novidade, abre um porvir da linguagem (1) (…) Veremos que certos devaneios poéticos são hipóteses de vidas que alargam a nossa vida dando-nos confiança no universo”. (2)

Para a infância, a idade poética da vida, a presença e a vivência da poesia são indispensáveis. Aquela que já é a atmosfera psicológica natural das crianças precisa ser amparada e estimulada na escola. Para Bachelard, a infância é um mundo que já vem ilustrado, um mundo com as suas cores originais, com suas cores verdadeiras. Daí o tesouro que uma caixa de lápis de cor representa para uma criança. Para ela, o mundo também já vem musicado por uma alegre algaravia de palavras. Um dicionário precisa ser uma caixa de música.

A poesia para crianças é como um jogo com as palavras e a linguagem, que se alimenta de uma dimensão lúdica da vida humana tão importante quanto a racionalidade e a fabricação de objetos, como acentua Johan Huizinga em seu livro “Homo Ludens”.

A poesia é:

“a ordenação rítmica ou simétrica da linguagem, a acentuação eficaz pela rima ou pela assonância, o disfarce deliberado do sentido, a construção sutil e artificial das frases”. (3)

Um jogo de palavras e uma linguagem transformam-se em linguagem poética quando ultrapassam o seu sentido funcional e cotidiano e transferem novos significados para cada palavra e cada verso. Desse modo, principalmente na poesia para crianças, a criatividade literária do poeta precisa

considerar e contemplar figuras de linguagem e metáforas adequadas ao leitor a quem se dirige. Uma poesia para um leitor criança, para um leitor infantil, precisa saber dirigir-se a esse “leitor implícito”, conforme Peter Hunt em seu livro “Crítica, Teoria e Literatura Infantil”. Diz ele:

“Assim, um texto deve “implicar” um leitor. Ou seja, o tema, a linguagem, os níveis de alusão etc. “escrevem” claramente o nível de leitura”. (4) (…) No entanto, a despeito da instabilidade da infância, o livro para criança pode ser definido em termos do leitor implícito. A partir de uma leitura cuidadosa, ficará claro a quem o livro se destina: quer o livro esteja totalmente do lado da criança, quer favoreça o desenvolvimento dela ou a tenha como alvo direto”. (5)

Essa questão de definir o que é um livro para criança é recorrente no debate teórico e nas práticas de literatura infantil. Acredito que a definição do autor responde às principais dúvidas com esse pressuposto claro e incontroverso. Ele pode orientar com segurança tanto escritores como mediadores, professoras e leitores de poesia infantil. Na minha experiência como autor sei claramente quando estou escrevendo para uma criança, para um jovem ou para um adulto.

NOTAS
(1) BACHELARD, Gaston – A Poética do Devaneio/Ed. Martins Fontes, 1996, pág. 3.
(2) Idem, pág. 8.
(3) HUIZINGA, Johan – Homo Ludens/Ed. Perspectiva, 2008, pág. 147.
(4) HUNT, Peter – Crítica, Teoria e Literatura Infantil/Ed. Cosac Naify, 2010, pág. 79.
(5) Idem, pág. 100.

(*) Este texto é a primeira parte de um ensaio sobre o tema da poesia infantil escrito por Dilan e enviado ao nosso blog. Completaremos sua publicação com outras 5 ou 6 partes, ao longo deste 2º semestre, de forma intercalada com outros textos, de outros autores.

(**) Escritor gaúcho, nascido em Itaqui. Publicou vários livros de poesias e de narrativas para os públicos infantil, juvenil e adulto. Pela Editora Projeto publicou O vampiro Argemiro, 1993, Bamboletras, 1998, BrincRiar, 2007, e Poeplano, 2010, tendo, ainda, participação nos livros Poesia fora da estante, 1995, e Balaio de ideias, 2007. Recebeu os prêmios Açorianos de Literatura Infantil da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Livro do Ano, nas categorias Infantil, Narrativa Curta e Poesia da Associação Gaúcha de Escritores. Teve livros selecionados para o Catálogo de Bolonha (Itália) e outros indicados para o Prêmio Jabuti. Para saber mais sobre o autor: http://www.dilancamargo.com

Blog

  • Educação infantil
  • Ensino fundamental
  • Famílias e Escola
  • Pais e Filhos
  • Reflexão de Professor/Especialista
  • Reportagem
ESCOLA PROJETO
Avenida Ipiranga, 585 - Bairro Menino Deus Porto Alegre / RS
(51) 3331 7384
infantil.escolaprojeto@gmail.com

Redes Sociais

instagram
youtube
facebook
Escola Projeto 2020 - Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Clic Agência Digital
× Entre em contato!