Fernanda Lantz (1)
Neca Baldi (2)
Uma sala escura, com luzinhas suaves e coloridas, equipamento para ouvir sons da natureza, ruído branco ou música tranquila, balanço, pula-pula, superfícies com diferentes texturas, brinquedos sensoriais, bolinhas coloridas, blocos de espuma, pufes, almofadas e livros cuidadosamente escolhidos: esse espaço, pensado com afeto e intencionalidade, vai muito além da estética lúdica. Trata-se da nossa sala sensorial: um ambiente construído para acolher, regular e promover o bem-estar das crianças em seus diferentes modos de sentir e se expressar.

Quando olhamos para a sala sensorial a partir do modelo social da deficiência, entendemos que sua importância vai além de uma proposta pedagógica. Trata-se de uma ação que reconhece que as dificuldades enfrentadas por muitas crianças não estão apenas em suas características individuais, mas nas barreiras físicas, sensoriais, comunicacionais e atitudinais impostas pela sociedade que desconsidera as diferentes formas de ser e aprender. Oferecendo um ambiente seguro e relaxante, esse espaço tem oportunizado pausas em momentos de estresse, ansiedade ou agitação, favorecendo a autorregulação emocional.
Nossa sala vem sendo frequentada com entusiasmo e percebemos a diferença no modo como as crianças entram e saem dela. A oportunidade de fazer pausas sensoriais conscientes tem possibilitado o retorno às atividades com mais concentração e disponibilidade para aprender. É um espaço que materializa o desejo por uma educação inclusiva, onde cada criança é reconhecida em sua singularidade, e tem garantido o direito de bem-estar e qualidade na experiência escolar.





(1) Educadora Especial, responsável pelo AEE (Atendimento Educacional Especializado) e mãe do aluno Vicente e do ex-aluno Bernardo.
(2) Diretora da Escola Projeto.
Fotos @fabiopalt