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Construindo pontes – Parte 3 (*)

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Construindo pontes – Parte 3 (*)

Postado em 6 de agosto de 20206 de agosto de 2020 por Escola Projeto
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Julio Cesar Walz (**)

A importância que os adultos adquirem em determinadas situações na vida de uma criança parece sobrecarregar muitos pais. Especialmente porque o processo de desenvolvimento de um ser humano se constitui de muitas facetas. Entre elas está a intrínseca relação de perdas e conquistas. Presença e ausência. Construção e destruição. Estabilidade e instabilidade. E em cada período da vida, esses polos adquirem formatos próprios e podem referir-se tanto aos aspectos normais do desenvolvimento como à realidade da vida em geral.

Sigmund Freud, que foi um sábio observador, viu na singela brincadeira de uma criança esse processo de perdas e ganhos. Trata-se do jogo do carretel, em que o menino lança para longe o brinquedo e o busca novamente. Esta brincadeira revela a construção, em jogo, da experiência da presença e da ausência, onde exercita o ir e vir da vida, por assim dizer. Outra brincadeira é o esconde-esconde. Esta brincadeira é uma animada manifestação da esperança na presença do objeto, mesmo quando ele estiver ausente. Ou seja, apesar do objeto não aparecer, neste caso um adulto, a criança sabe que ele estará lá, atrás da porta, do armário, do sofá. E quando o adulto surpreende com o seu aparecimento, ela se agita de alegria pelo retorno de quem ama e precisa. Depois dessa fase, ela começa a se esconder, esperando que o adulto a encontre. Este jogo mostra-nos que ela já tem a permanência do objeto, ou melhor, a certeza ou a conquista de uma certa estabilidade, pois ela pode desaparecer e o adulto irá procurá-la. Ou seja, a criança adquire a mensagem ou a experiência de que ela pode crescer, ir adiante e o adulto que a ama não se zangará ou não a deixará quando ela retornar, depois de seguir seu caminho.

Vejam que experiência maravilhosa. Quando a criança se permite, no jogo, esconder-se, ela está dizendo para si mesma e para os adultos: estou aprendendo a não ter medo de me afastar. E quando eu for, não serei odiada e ninguém morrerá.

Pois bem, tendo como pano de fundo essas brincadeiras ou essa dinâmica de ir e vir, perdas e ganhos, como se dá o cuidar? O que é o cuidar do crescimento de um filho? Ou melhor, o que é cuidar?

(…)

Cuidador, do verbo cuidar, tem sua origem na palavra latina cogitare, que significa: imaginar, pensar, meditar; cogitar, excogitar; julgar, supor; aplicar a atenção, o pensamento, a imaginação; atentar, pensar, refletir; ter cuidado; tratar: fazer os preparativos (Cf. Dicionário do Aurélio Buarque de Holanda).

(…) Veja, o senso comum nos faz pensar que cuidar significa apenas realizar os preparativos ou a atividade prática do zelo. Mas o interessante é que na origem da palavra este é apenas um dos elementos. O outro está relacionado ao pensar imaginativo. Ou seja, para poder cuidar é necessário um relativo desprendimento da realidade concreta para que sobre ela possamos projetar a imaginação e criar alternativas de solução. A realidade concreta ou bruta não nos oferece saída. Ela é crua, contundente e imperiosa. Para que sobre ela possamos agir, temos a necessidade das pontes, justamente para que se possa agir com esperança. A realidade bruta por si só ofusca nossa capacidade de agir. A imaginação não. É a partir da imaginação que podemos criar. É a partir dela que podemos amar. É a partir dela que podemos pensar e ir adiante.

(…)

Todos sabemos que a arte de cuidar e ser cuidado – pois trata-se de uma arte – exige disponibilidade para cuidar. Tal disponibilidade pressupõe um certo desapego às coisas dos adultos em muitos momentos da vida. Por isso, a tarefa de cuidar é muito mais do que educar. Sigmund Freud disse certa vez que educar é uma tarefa impossível. Justamente porque exige encontros de descompassos, de mundos distantes e diferentes, de uma relação de aproximação e um distanciamento entre a criança e o adulto, que vivem tempos distintos e necessidades específicas. E interagir esses mundos requer, como disse, um esforço maior do adulto, pois ele é que está mais desenvolvido em sua atividade mental e a ele compete o cuidado. Talvez uma segunda razão de porque a tarefa de educar seja uma tarefa impossível é justamente porque a vida a gente aprende a viver com a gente mesmo. Neste sentido quem acha que tem que educar vive de um engano fenomenal: quem quer educar acha que já aprendeu tudo e que sabe a resposta das coisas, quaisquer que sejam.

Cuidar é diferente: é caminhar lado a lado para que a espacialidade não seja demasiadamente grande a fim de que a ansiedade não seja muito exacerbada. Cuidar exige do adulto a capacidade de aprender diariamente com o aprendizado da criança.

É fascinante ver que nas singelas manifestações do brincar, assim como também nas estórias, constrói-se um movimento mental de grande importância para o futuro da atividade psíquica. Ao adulto cabe a tarefa de participar e favorecer esse processo. Como disse: não há muito que ensinar. Mas sim de cuidar. Permitir-se ser o objeto de esperança da criança, ou seja, estar disponível. Isto quer dizer: servir de contrapartida, por

meio do uso da palavra mediadora. Quantas e quantas vezes a criança diz para a mãe ou o pai: Não dá, não tem jeito, não consigo. Este sentimento de sem-saída não precisa e nem deve ser pensado como sendo um problema. Em algum momento ou em vários momentos, esses sentimentos tomam conta de nós, de todos nós. E você sabe a angústia que dá quando alguém se sente sem-saída. Mas para que possamos sair do sem-saída ou ajudar a criança a sair, precisamos dedicar um certo tempo, não ter pressa e colocar a imaginação a funcionar, para que a palavra possa ser dita e ouvida.

Pois bem. De tudo o que se mencionou poderia dizer o seguinte: O cuidado é fundamental para o exercício, já na tenra idade, daquilo que poderíamos chamar de construção da esperança. Ou seja, aquele sentimento primordial, inicial, que se instala ou se desenvolve em nossa mente, onde surge à força de ação ou de busca de solução diante do crescimento, das dificuldades naturais do viver e do ter que decidir ou do sentimento de sem-saída.

Veja, não se trata de cuidar para que a vida fique estável, ou que a gente fique sempre bem e com convicções sobre tudo. Nada disso. Aliás, isto não é possível. O cuidado cria ou favorece na criança uma capacidade de poder lidar um pouco melhor com as incertezas normais da vida e da própria mente. Lidar quer dizer ficar um tempo menor na paralisia, ou desconfiar que não está bem e querer mudar. E por fim, agir.

Já o medo em excesso nos congela. Ele paralisa. Causa a sensação de sem-saída ou de incapacidade. E mais, quando esse resto de esperança perde sua força de ação em nossa atividade mental, aquilo que tememos se torna maior ainda. O sentimento de sem-saída cresce, e a angústia nos faz rodar sobre o mesmo eixo permanentemente. A vida torna-se circular.

É claro que o objetivo não é sermos super-homens. Ter esperança não significa que podemos enfrentar tudo e dar conta de tudo. Mas essa esperança nos torna mais livres para enfrentar os dilemas da vida. A esperança desaprisiona-nos do medo. No fundo criar ou desenvolver a esperança é construir a ideia de que nada precisa ser necessariamente como é. Tudo pode ser mudado, refeito ou reconstruído.

(*) Trecho do livro Aprendendo a lidar com os medos – A arte de cuidar das crianças (excertos das páginas 48 a 58), o qual se encontra esgotado, na quarta edição, disponível somente em ebook/kindle: www.criandoconsciencia.com.br. Com autorização do autor, seguiremos publicando neste blog, ao longo de todo o ano, alguns trechos selecionados desse livro, falando sobre os medos infantis e as formas de lidar com eles. Não deixe de acompanhar!

(**) Pai de ex-alunos da Projeto, Psicólogo, Psicanalista, Doutor em Ciências Médicas/UFRGS – HCPA e autor do livro citado.

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