TEMA DE CASA: MAIS UMA OPORTUNIDADE PARA APRENDER

O “tema de casa” tem sido motivo de dúvidas e ansiedades das famílias, principalmente no início do ensino fundamental. Costumam perguntar-se sobre qual a melhor forma de agir e, muitas vezes, se queixam de não saber ajudar as crianças, pois “aprenderam de outro modo”. Por isso, e por acreditar que é muito importante a parceria entre família e a escola na condução do processo educativo das crianças, nos propomos, através deste texto, informar e discutir as concepções da escola sobre a questão.

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QUAL A IMPORTÂNCIA DA(S) TAREFA(S) DE CASA?

A tarefa de casa é fundamental para a formação do(a) estudante, já que oportuniza que construa, ao longo de sua escolaridade, estratégias de estudo. Mais do que um hábito, portanto, o “tema” se propõe a desenvolver uma postura de envolvimento com os estudos, de comprometimento com as atividades propostas, com o grupo de trabalho e com o próprio processo de aprendizagem.

Antes do tema de casa ir na mochila, a professora sempre lê com as crianças e pergunta se há dúvidas, retomando a tarefa. Dessa maneira, elas chegam em casa já sabendo do que se trata. Isso não quer dizer que as famílias não possam ler para as crianças ou com elas, principalmente para as que estão em fase de alfabetização.

Para tanto, os temas, no 1º ano, são introduzidos gradativamente, importando mais a qualidade das tarefas, em termos das propostas e do que é devolvido pelo(a) aluno(a), do que a quantidade. A periodicidade dos temas de casa vai sendo construída aos poucos:

  • 1º ano: 1 x por semana no 1º tri, 2x no 2º e, finalmente, 3x por semana, no 3º trimestre;
  • 2º ano: inicia com 3 a 4 temas de casa semanais, passando a ter tarefas diárias, entre o 1º e 2º trimestres;
  • 3º, 4º e 5º anos: um tema diário. No 4º ano, iniciamos a solicitação eventual de 2 temas em alguns dias da semana, sistematizando essa prática a partir do 2º trimestre e ao longo do 5º ano.

ONDE ESTARÁ A TAREFA?

Em folha enviada na pasta com elástico, no 1º ano / pasta de saquinhos, nas demais séries.
As crianças realizam o que é solicitado na própria folha (exercícios, por exemplo);

  • Escrita no cadernão com enunciados digitados ou à mão (copiados ou ditados). Dificilmente irá alguma tarefa que não esteja escrita, a não ser que o objetivo esteja relacionado à memorização pelas crianças;
  • Registrada na agenda do estudante para turmas de 4º e 5º anos, de acordo com combinados com a professora regente.

QUAIS OS TIPOS DE TAREFAS?

Com a ideia geral de complementar o trabalho de sala de aula, enriquecendo-o, sistematizando-o ou agilizando-o, as tarefas assumem diferentes formatos, conforme os objetivos mais específicos e imediatos. Assim, elas podem trazer propostas de:

  • exercícios de revisão e retomada (os quais as crianças devem ter condições de realizar sozinhas);
  • aplicação dos conteúdos trabalhados em aula;
  • pesquisas ou coleta de materiais (entrevistas, recortes, passeios especiais, consultas a jornais, revistas ou internet). Essas propostas serão mais esporádicas e com uma previsão de mais dias para sua realização, estendendo-se, normalmente, para o fim de semana mais próximo, justamente por contarem com algum auxílio da família.

As atividades que vão para casa na 6ª feira serão trabalhadas no decorrer da próxima semana (em um dia combinado com a profª). As tarefas de outros dias da semana serão retomadas, preferencialmente, no dia seguinte ao tema, tanto em relação ao seu conteúdo, quanto também no que diz respeito ao modo como foram realizadas pelas crianças. Por vezes, em função de alguma situação que não estava prevista em aula ou pela retomada da atividade precisar de mais tempo do que o previsto, pode acontecer de ser realizada ou finalizada em outro dia da semana. Neste caso, a professora conversará com a turma e fará os combinados necessários.

COMO A(S) TAREFA(S) SERÁ(ÃO) RETOMADA(S) NA ESCOLA?

Este trabalho posterior de acompanhamento pela professora pode ser feito de diferentes maneiras, de acordo com o tipo e objetivos do trabalho. Assim, a professora pode:

  • recolher a tarefa para verificar com mais atenção o desempenho de cada criança e em outro momento fazer a devolução, de modo individual ou coletivo, conforme necessidade;
  • olhar o trabalho em aula, fazendo observações e encaminhamentos individuais e imediatos, oralmente ou por escrito;
  • discutir e explorar coletivamente a tarefa, oportunizando que as crianças façam os ajustes e correções durante esse momento;
  • oportunizar que as crianças apresentem sua tarefa, compartilhando ideias sobre o assunto em pauta, através de dinâmicas em pequenos grupos ou duplas.

Nem sempre, portanto, haverá um visto ou mesmo algum conceito ou bilhete da profª na tarefa (mas poderá haver de vez em quando), o que não quer dizer que o trabalho não tenha sido explorado e aproveitado ou valorizado na sala, até porque, como sabemos, esse retorno é importante para o(a) aluno(a) que se empenhou. As crianças colocarão um código em um canto da folha, indicando que o tema foi revisado. Esse código é conversado/combinado anteriormente com a turma.

QUAL O PAPEL DAS FAMÍLIAS?

Fundamentalmente, espera-se que possam realizar um acompanhamento do trabalho que seus(uas) filhos(as) realizam na escola. Isso não quer dizer, necessariamente, as famílias fazerem os temas pela criança ou mesmo com ela. Quer dizer: estarem atentas e mostrarem interesse em relação à vida escolar de seu(ua) filho(a). As crianças, principalmente neste momento das séries iniciais do ensino fundamental, necessitam sentir esse apoio, interesse e acolhimento por parte das famílias, o que contribuirá para sua própria valorização em relação à escola e às aprendizagens.
De uma forma mais concreta, esperamos que as famílias possam assegurar:

  • um ambiente apropriado (iluminado, arejado e tranquilo) para a realização das tarefas;
  • uma rotina de horário adequada, cuidando para que não seja um momento em que a criança esteja cansada ou deixando de realizar algo que considere importante;
  • os materiais necessários, estando à mão da criança.

Auxiliá-la também no cuidado e manutenção dos seus materiais da mochila e do estojo, lembrando-a de conferi-los e reorganizá-los, é muito importante para que, aos poucos, ela consiga fazer isso de forma mais independente.

Embora a escola se preocupe em organizar as tarefas de modo que as crianças consigam realizá-las sozinhas e em garantir que nenhum tema vá para casa sem ter sido lido e discutido em sala, é possível que algumas crianças, principalmente no início do ano, necessitem de um apoio mais concreto, na forma da presença de alguém ao seu lado, da leitura da solicitação de tarefa ou mesmo de uma ajuda para realizá-la. Em situações como essas, as famílias devem atender a essa demanda, observando que haja uma progressiva autonomia em relação às tarefas. Se isso não ocorrer, os responsáveis devem conversar com a professora ou a coordenadora para juntos(as), pensarem em novas alternativas. Não é necessário corrigir a tarefa, se a criança não solicitou ou não mostrou dúvidas, até porque é importante que a professora saiba o que ela pôde fazer sozinha; porém, isso não está proibido de modo algum. Mesmo que as maneiras como o pai ou a mãe tenham aprendido determinado conteúdo seja diferente do modo com está sendo ensinado a seu(ua) filho(a), isso não impede que possam explicá-lo. Os familiares devem confiar em sua capacidade de auxiliar as crianças, tendo claro que ela sairá necessariamente enriquecida desse momento, seja por ter tido acesso a outra forma de tratamento do conteúdo em questão, seja por ter tido a atenção de que precisava.

Quanto às tarefas de pesquisa, contamos com o auxílio mais direto dos familiares, oportunizando o acesso das crianças a diferentes materiais que lhe possibilitem a sua realização, bem como, eventualmente, respondendo perguntas, levando-as a determinados locais para realizarem observações/visitas ou esclarecendo-lhes sobre termos ou conteúdos de determinados textos. De qualquer modo, se a criança apresentar dificuldades significativas e frequentes, principalmente se não conseguir ou se apresentar muita resistência em realizar a tarefa, a família deve tentar identificar as razões, encaminhando comunicados sobre o assunto ou reunindo-se com a profª e a coordenadora para discutir a questão. É muito importante que a escola tenha esse tipo de retorno para que possa, a partir daí, rever aspectos do trabalho com a criança ou com a turma, se for o caso.

DEVO CORRIGIR A ESCRITA DO(A) MEU(MINHA) FILHO(A)?

Se a criança pergunta sobre como escrever determinada palavra, os familiares podem e devem informar-lhe a maneira certa. No entanto, se observam erros ortográficos na tarefa feita pela criança, não havendo um questionamento ou solicitação dela no sentido da forma correta, no lugar de simplesmente corrigir, a nossa orientação é a de questionar-lhe sobre o modo como escreveu (ex: “lê novamente esta palavra que escreveste para ver se não falta alguma letra”… ou “aqui, tem uma letra trocada, vê se descobres qual é”…), para que ela possa refletir a respeito, se dar conta e corrigir ela própria ou com a ajuda de um familiar.

A escrita ortográfica é também uma construção das crianças, com a qual a escola está preocupada e engajada. No entanto, há questões de tempo e de trajetória das crianças a serem respeitadas, particularmente no que diz respeito ao 1º ano, quando estão construindo/consolidando a escrita. Dar a informação à criança, simplesmente, sem que ela esteja preocupada com a questão, ou mesmo que esteja com essa preocupação, não garantirá que ela não “erre” mais. Essa construção demanda um trabalho específico e de reflexão sobre a escrita, que colaborará, gradativamente, para que amplie suas formas de escrever, aproximando-se da correção. Ao sair da escola, no 5º ano, as crianças estarão com esse processo bastante avançado, tendo adquirido a escrita ortográfica convencional.

TAREFAS DIFERENCIADAS (na escola e em casa):

Eventualmente, conforme necessidade e/ou possibilidade de cada criança, poderão ser oportunizadas tarefas diferenciadas dentro de uma mesma turma ou momento de aula, visando garantir uma maior adequação e aproveitamento para a criança, tanto para aquela que tem alguma questão específica a ser mais investida, quanto para a que pode avançar mais em relação a algum aspecto.

Esse encaminhamento será feito a partir de um tempo inicial de conhecimento da criança pela profª e é importante que a família seja comunicada para acompanhar o que a escola está realizando e poder auxiliar, se for o caso, também fora da escola. Esses comunicados se dão através de reuniões propostas pela escola e pela família, sempre que forem percebidas dificuldades ou demasiada facilidade na realização das tarefas nas diferentes áreas.

TAREFAS EXTRAS SEMANAIS:

Além da tarefa diária normal, algumas crianças, em determinadas épocas do ano, poderão necessitar tarefas extras específicas, com o objetivo de auxiliar na superação de alguma questão especial. Essas tarefas serão propostas com alguma regularidade (normalmente semanais), de modo que haja mais tempo para a sua realização e uma maior possibilidade de acompanhamento pela família. Esse tipo de trabalho também será comunicado às famílias, para que estejam cientes e para que possam acompanhar a criança, dando-lhe apoio, se for o caso.